domingo, 20 de junho de 2010

Os avessos são mais importantes que as certezas. Eles que desregulam a vida.
O passado começa a revolver aqui por dentro.
Vida já não é uma certeza.
Meu estômago vivia repleto de borboletas.
Meu sangue pulsa ao som do silêncio do antes.
Meu coração tenta matar a angústia.
Enquanto eu caio, meus pés se sustentam.
Egoístas.
As borboletas voaram para longe.

sexta-feira, 18 de junho de 2010

Nasci daquilo que me é mais sagrado: cinismo. Percebo agora que consigo esquecer facilmente aquilo e aqueles que me deixam pra baixo quando volto para onde eu vim.
Sou uma pessoa que se diverte com manipulação fácil, intrigas, baixarias e mentiras. Só assim sou feliz. É para isso que eu existo, é para isso que eu vim.

terça-feira, 15 de junho de 2010

Algo por aqui me sobe. Só sobe-sobe quando você se afasta. Não é calor e nem ao menos frio, é o rastro morno que sua ausência deixa.
Me canso de ser subjetivo e fico com tédio das minhas descrições. Só as palavras me ouvem, mesmo que para elas seja insuportável esse relato.
Já decidi me afastar da sua ausência sem me aproximar da sua presença. Quero que acabe o agora pra começar o depois. Não quero mais o presente, prefiro até mesmo o passado.
Sim! Sim, eu peço para você voltar! Mas não atenda meu pedido, por todo o amor que os deuses não tem! Se você atender a esse grito calado eu sei que vou voltar para a sua volta; só que dessa vez eu não tenho mais pernas para cair. Sei que você não quer me segurar.

segunda-feira, 14 de junho de 2010

Fui perdendo.

Perdi tudo com ele: Tempo,
dinheiro,
carinho,
atenção,
beijos,
suor,
brilho,
olhar,
sorriso e até mesmo os meus braços.
Só me arrependo de não me arrepender.
Perdi tudo porque quis.
Eu sempre soube que ele iria me deixar cair.

sábado, 5 de junho de 2010

As vezes penso que só digo acreditar em Deus por ter medo do que ele pode fazer comigo se eu ousar desviar de seu caminho. Mesmo não existindo sua mão pesa sobre os homens.
Quero ser exonerado do cargo de ser humano.

sexta-feira, 4 de junho de 2010

O perfume

Mas aí ele parou de me beijar e resolveu me abraçar. Abraçou um abraço gostoso que criou em mim uma felicidade assustada. Só consegui interromper o silêncio barulhento do momento com uma pequenina frase: "Puxa...como é bom!"; ele se riu mas não conseguiu deixar de me abraçar, alguma coisa tava prendendo ele alí.
De frente pra ele e de costas pra árvore eu comecei a perceber que o perfume do mato tava indo embora pra deixar o perfume dele chegar. E chegou. O perfume chegou de mansinho e foi ficando ali, como quem quer espiar duas pessoas se amando escondido. Mais uma vez eu interrompi o silêncio pra comentar. Ele disse que o perfume era Avon. Eu ri um pouco com o não entendimento dele. Eu não queria falar desse perfume que se compra em vidro eu queria falar daquele que vem com a gente, aquele cheiro de homem vivo, cheiro de vida boa, carente e feliz. Só que não consegui corrigir o menino, prefiria voltar pro silêncio do cheiro e pro barulho do abraço.
Ficamos alí por alguns muitos pequenos momentos, foi então que eu percebi que naquele instante, o resto do mundo já não mais existia.

quinta-feira, 3 de junho de 2010

O corte


O
Fim de
Um pulso
Iniciou
Mais um lindo
E ornamentado
Bracelete rasgado