quarta-feira, 3 de novembro de 2010

No início era o verbo, e o espírito de Deus pairava sobe as águas. Mas não pairava só, não podia ser só. Quem mergulhado em solidão criaria tanta beleza e dor?
Deus tinha uma companhia. Uma mulher, um homem, um parceiro, uma metade. Não metade de Deus, é claro(Pois este, sendo divino, é indivisível). Mas a metade de algo que não existia, e que talvez ainda não exista. Algo que não completasse e nem faltasse a Deus. Apenas uma metade.
De súbito o senhor dos céus se viu coberto de paixão e pavor pela meia presença. Do susto divino a humanidade surgiu, como sangue que jorra para fora de uma ferida.
Ao contemplar os resultados do espanto de Deus a metade resolveu se abrigar nos braços dos homens. Onde permanece imóvel e quentinha até hoje. Feliz por se sentir humana.
A humanidade só conhece o caminho da queda, do esquecimento e da tristeza justo porque depois de ser traído, Deus, resolveu inciar a destruição da sua criação acidental. Lá de cima ou lá de baixo ele sacode os pilares do universo, esquecendo seus poderes divinos. Vaga apenas em busca da metade fugida, a que deu origem a tudo. Metade de toda a beleza, de toda dor, de todo o castigo.

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